Quais são as razões que o levam a assumir a candidatura à presidência da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo (AFAH)?

As principais razões que me levaram a assumir a candidatura têm que ver com a continuidade do projeto, por ter sido também um ano complicado devido à pandemia, no qual houve um apoio muito significativo por parte da AFAH aos clubes e que, neste momento, não poderíamos pôr em risco qualquer filiado, sabendo das dificuldades que cada um atravessa. Era necessário transmitir que esta direção continuava ao lado deles.

Porquê a opção de eleições antecipadas, uma vez que os estatutos permitiam que adotasse o cargo sem a necessidade de ir às urnas?

Essencialmente por uma questão de legitimidade, mas também para refrescar a Direção. Contamos agora com quatro novos elementos que irão reforçar a estrutura e que são eles Dioclécio Ávila, que será vice-presidente adjunto, Vítor Mendonça, responsável pela formação, Pedro Godinho e Carlos Matos.

Como é que analisa o facto de ser candidato único?

Perfeitamente natural, na medida em que o apoio por parte dos clubes que visitei foi massivo. Todos concordam que foi feito um grande trabalho em prol dos nossos clubes. A AFAH nunca esteve tão perto dos seus filiados como agora e todos sabem até onde queremos ir. É notório que conhecemos muito bem o caminho, até porque nunca estamos satisfeitos, querendo sempre fazer mais e melhor. Já ninguém acredita em profetas. Cada vez mais temos de estar no terreno, com as coletividades. Temos de sentir os problemas de todos, porque cada caso é um caso.

Em relação àquilo que foi a linha de ação do elenco presidido por Paulo Gomes, em que exercia as funções de vice-presidente, teremos muitas novidades?

Sim, vamos ter algumas novidades. A partir de março temos uma medida para pôr em prática em relação à formação. Iremos ser mais exigentes no Processo de Certificação de Entidades Formadoras e vamos basear os apoios aos clubes da AFAH na aposta na formação. Haverá também uma aposta no futebol de praia, porque acreditamos ser uma modalidade que se enquadra perfeitamente na nossa Associação. O desenvolvimento do futebol feminino também será um grande objetivo, pois queremos aproximar o sexo feminino à nossa Associação, até porque o crescimento de uma associação fundamenta-se, essencialmente, pelo aumento do número de atletas, sendo esta uma boa oportunidade para crescermos.

Presidir à AFAH em tempo de pandemia é, digamos, uma responsabilidade acrescida?

Sim, extremamente exigente. Acho que depois disto estou preparado para tudo. A saúde financeira dos clubes está de rastos, o medo é constante por parte dos atletas, diretores e encarregados de educação, mas, mesmo assim, tenho a certeza de que a paixão pelo futebol e futsal foi determinante para as provas começarem. Foi algo que me deixou muito orgulho. Este voluntarismo por parte dos nossos dirigentes é deveras louvável.

Em que medida é que a AFAH está a procurar mitigar os efeitos da pandemia nos clubes?

A AFAH aumentou, consideravelmente, os apoios para esta época desportiva, traduzindo os apoios em valores por volta de 160 mil euros. Era fulcral este apoio, sendo que o último será aplicado de forma inovadora, premiando quem tem mais atletas nos seus clubes. Este tipo de apoio servirá de base para futuros apoios, pois é tempo de premiar quem se preocupa com a base da pirâmide, os que criam sustentabilidade para o futebol e futsal seniores.

O retorno das competições de ilha, desde a formação aos seniores, tanto no futebol como no futsal, é um dado adquirido?

Sim é um dado adquirido. Irá ser de forma gradual, começando dos seniores até aos escalões de formação, podendo haver a eliminação de algumas taças, mantendo os campeonatos.

Caso não seja possível retomar a competição ao nível da formação, fica naturalmente em causa o cumprimento dos contratos-programa estabelecidos entre os clubes e o Governo Regional dos Açores. A AFAH pode ter uma palavra importante nesta matéria?

Vai haver competição nos escalões de formação, essa é a nossa convicção, mas se por ventura os contratos-programa estivessem em causa, acho que seria uma falta de bom senso por parte do executivo. Se analisarmos bem a questão, o único sector que não recebeu qualquer tipo de comparticipação por parte do governo foi o desporto, ainda por cima sempre tivemos a responsabilidade de suspender as provas. Fomos sempre a solução, até mesmo quando proibiram público nos recintos desportivos, sendo esta uma medida com a qual não concordamos. A nosso ver o público não esta mais inseguro no seu lugar marcado, com controlo de registo de entradas e temperatura, do que as pessoas que estão a assistir em terrenos privados, em cima de carrinhas, nos montes, etc. Isto sim é promover aglomerados de pessoas e ajuntamentos, a proibição de público nos recintos desportivos só serviu para piorar a saúde financeira dos clubes.

Qual é a posição da AFAH em relação ao retorno do Campeonato de Futebol dos Açores?

Fomos apologistas da paragem temporária. Devido a inoperância por parte da autoridade regional de saúde, sentimos que era então da nossa responsabilidade ajudar os profissionais de saúde no estanque e controlo da pandemia, não podíamos ser responsabilizados pela propagação do vírus.

Agora iremos fazer uma análise de quando será a melhor data para reatarmos a competição.

É urgente uma reunião entre as associações de futebol dos Açores e o novo executivo para definir estratégias em relação ao cumprimento, ou não, dos quadros competitivos, entre os quais o Campeonato de Futebol dos Açores e o Campeonato Nacional da Segunda Divisão de Futsal – Série Açores?

A minha posição e a posição da Direção da AFAH é muito clara em relação a isso. Nós queremos ter os mesmos direitos que as associações fora da região Autónoma dos Açores, ou seja, não precisamos de filtros nem de purgas para os nacionais. Só evoluímos com quem é melhor do que nós. O Campeonato Nacional da Segunda Divisão de Futsal – Série Açores tem 5 equipas da nossa associação em 8, isso é por si só demonstrativo de que precisamos de algo mais, queremos mais, queremos estar entre os melhores.

No campeonato de Futebol dos Açores, ou se muda o modelo competitivo ou extingue-se com a prova. O modelo está esgotado, a segunda fase demonstra isso mesmo, e nem me atrevo a dar exemplos, é demasiado mal.

Entrevista DI. Publicado um excerto a 05 de janeiro e na totalidade a 07 do mesmo mês.