Agora que está confirmada a eleição do até agora presidente Paulo Gomes para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, é um dado adquirido a sua passagem de interino a efetivo no cargo de presidente da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo (AFAH)?

Assim que o Paulo Gomes formalizar a sua renúncia ao cargo, passarei a presidente efetivo.

 

Não coloca como possibilidade o cenário de eleições antecipadas?

Estou convencido que promover eleições antecipadas é o mais indicado e, como tal, vou pedir à Mesa da Assembleia Geral da AFAH a marcação das mesmas.

Neste momento existe uma serie de fortes apoios aos clubes cujo seu retorno levará algum tempo. Neste sentido, a ocorrência de eleições antecipadas poderá aumentar em cerca de dois anos o nosso período de atuação, garantindo a estabilidade da AFAH.

Para além disto, permitirá a entrada de novos elementos na atual Direção.

 

Assumir a liderança da AFAH em plena pandemia por Covid-19 é, digamos, uma responsabilidade acrescida?

A pandemia colocou novos desafios a todos e o Futebol não foi exceção. Ao longo destes últimos meses, aumentamos a proximidade aos nossos filiados, com o objetivo de percebermos as suas dificuldades e otimizarmos qualquer apoio que os mesmos necessitassem.  Esta situação, diga-se de passagem, já vinha de trás, antes da pandemia, desde que esta Direção tomou posse.

 

A sua política na liderança da AFAH será, digamos, de continuidade ou, ao invés, pretende dar o seu cunho pessoal?

Quando fomos eleitos, demos início a um programa de desenvolvimento da AFAH e dos seus filiados, que teve a sua origem no manifesto eleitoral apresentado aos clubes.

Naturalmente, o cunho pessoal será manifestado na forma de me relacionar com os clubes e os seus agentes, mas o projeto e objetivos estão definidos desde que tomamos posse e pretendo seguir o rumo delineado.

 

Para além daquelas que já foram anunciadas, que medidas de apoio aos clubes é que a AFAH equaciona para combater os efeitos da pandemia?

Infelizmente, a pandemia veio para ficar.

Neste sentido, a Direção decidiu atribuir apoios financeiros aos seus clubes, com o intuito de estes ultrapassarem esta fase com menor dificuldade.

O grande desafio será conseguir replicar o apoio de 50% nas inscrições dos escalões de formação atribuído esta época, o que apenas será alcançado com muito esforço da nossa parte.

No entanto, as ajudas aos clubes não se resumem aos apoios financeiros. A AFAH elaborou um modelo de plano de contingência para distribuir aos seus clubes, estabeleceu contactos para desbloquear o acesso dos mesmos aos recintos desportivos, entre outros.

  

O decrescente número de equipas ao nível da formação, sobretudo no que concerne ao escalão etário de juniores “A”, é um assunto que o preocupa, atendendo a que pode estar em causa a sobrevivência da modalidade de futebol?

Efetivamente, na época 2019/2020 verificamos uma redução de 4 para 2 equipas nesse escalão e esta situação manteve-se na presente época. Contudo, no global temos registado um aumento dos atletas federados ao longo dos últimos anos.

Realço apenas que na época antes da referida redução de equipas, tínhamos somente mais oito atletas inscritos e, ainda assim, tivemos 4 equipas a competir nos Juniores A.

No entanto, sendo o referido escalão a antecâmara dos seniores, o seu estado atual preocupa-nos e estamos a estudar soluções que sejam viáveis para os clubes e, acima de tudo, para os jogadores.

A AFAH organiza as competições para os seus filiados e cria as melhores condições possíveis para os mesmos participarem, mas não devemos esquecer-nos que cada coletividade é que define, legitimamente, a atividade/escalões que promove para os seus atletas.

 

A manutenção da Série Açores de Futsal é uma machadada que pode ser fatal para o futuro da modalidade?

Sim, sem qualquer dúvida. Os nossos clubes já demonstraram ter um nível de organização acima da média e já têm experiência suficiente na participação na Série Açores para poderem manifestar uma opinião válida. Essa opinião, que coincide com a nossa, é que este modelo já não serve às nossas equipas nem ao desenvolvimento dos jogadores e da modalidade na Região.

 

A polémica que envolveu o pedido de suspensão de mandato do presidente Paulo Gomes é um assunto ultrapassado?

Isso nunca foi assunto. O Paulo Gomes pediu a suspensão do seu mandato com a máxima transparência, não tendo sido levantado qualquer entrave pela Mesa da Assembleia Geral da AFAH, pelo Plenário das Associações de Futebol, nem pela Federação Portuguesa de Futebol. Não houve nada de duvidoso neste processo, tendo ficado assegurados os interesses da AFAH e dos seus filiados que, convenhamos, é o mais importante.

 

Foi notícia recentemente a possibilidade de Miguel Bendito assumir uma candidatura à presidência da AFAH. Pode estar aqui algum sinal de insatisfação por parte dos clubes?

No associativismo é legítimo que surjam projetos alternativos, o que é de salutar e um grande sinal de democracia no universo da AFAH.

Depois, cabe aos clubes decidir se querem apostar na continuidade de um trabalho que, a meu ver e da restante Direção, foi altamente benéfico para o desenvolvimento das nossas modalidades nas três ilhas sob a nossa jurisdição, ou se pretendem que a AFAH siga outro caminho.

Quanto a uma possível insatisfação por parte dos clubes, tenho sentido exatamente o oposto.

 

Em jeito de conclusão, que mensagem é que gostava de deixar a todos os agentes desportivos?

A Associação de Futebol de Angra do Heroísmo estará sempre ao lado dos seus filiados, lutando pelos seus interesses e em prol do desenvolvimento do futebol e do futsal nas três ilhas sob a sua jurisdição, a nível regional e nacional.

Tal como já tivemos oportunidade de dizer noutras ocasiões, neste período de pandemia o nossa atenção e esforços serão redobrados, para que os clubes consigam ultrapassar esta fase de forma o menos conturbada possível.

Por último, voltamos a apelar a todos os intervenientes o cumprimento das normas de segurança, pois só assim conseguiremos garantir a continuidade das competições.


Publicado no DI